“Planície de Espelhos” – Gabriel Magalhães

Gabriel Magalhães, que surpreendeu com Não Tenhas Medo do Escuro (obra com a qual conquistou o Prémio Revelação da Associação Portuguesa de Escritores), confirma as melhores expectativas com Planície de Espelhos, um romance inovador e, até, arrojado, capaz de surpreender o leitor tanto pela forma como pelo conteúdo.
O livro, editado pela Difel, também surpreende de uma outra forma, mas essa seria dispensável – quem vê a capa (pobre e “deslocada”), não imagina, de certeza, o que vem lá dentro. E o que vem lá dentro é bom; é uma história com fantasmas, mas, não no sentido tradicional do termo, já que não há aqui sustos e perseguições sobrenaturais. Há a visão de um fantasma que espoleta uma serie de sentimentos e acontecimentos, que permitem revelar e descobrir muito mais sobre a vida da protagonista, Marta, uma professora universitária numa viagem de carro da Covilhã ao Alentejo. É uma viagem ao eu interior de Marta, uma viagem que se acompanhamos com interesse pois na sua vida há com certeza muitos pontos em comum com a de qualquer leitor.
A escrita de Gabriel Magalhães é poética, mas não se assustem os leitores mais “preguiçosos”, não é nada difícil de entender e adequa-se bem ao tipo de livro que é.
O enredo, como já se disse, é bastante original, com a particularidade de o autor acabar por tornar-se protagonista para explicar como chegou à história que expõe. Parece estranho, sem dúvida, mas resulta bem, pois essa porção faz parte da história e está tudo muito bem explicado.
Os ambientes, tal como as personagens de Planície de Espelhos, estão bem descritos, (sem exageros) e revelam-se envolventes, além de que são apresentados uns bons retratos sociais, como o Porto do pós-25 de Abril ou ambiente universitário, que por certo o autor muito bem conhece, não lhe escapando até uma certa ironia no modo como aborda esse mundo.
Uma leitura recomendável para quem procura algo de novo, mas que não seja propriamente bizarro.

“Enquanto Salazar Dormia…” – Domingos Amaral

Aproveitando a sua reedição em formato de bolso na colecção Bis – Leya, dediquei-me à leitura de Enquanto Salazar Dormia…, romance do jornalista Domingos Amaral. E em boa hora tomei essa decisão. Trata-se de um livro bastante agradável de ler, que nos leva, durante essa leitura, até à Lisboa de 1941, um antro de espiões, que aproveitavam a neutralidade de Portugal para aí se instalarem comodamente, fossem eles ingleses ou alemães. E ao mesmo tempo que esses espiões, chegam os refugiados, sejam eles judeus ou milionários à procura de um pouco de paz. Toda essa gente transforma, como nunca, a capital portuguesa numa cidade colorida e agitada, nomeadamente, como manda uma boa história de espiões, nos hotéis e restaurante de luxo e nos casinos.
Domingos Amaral apanha (e retrata) bem o espírito da época (terá feito bem o trabalho de casa a nível de documentação), não se inibindo em colocar na acção personagens reais, dando mais credibilidade às aventuras vivida pelo protagonista Jack Gil, um luso-britânico bem instalado na sociedade que, quando dá por si, está transformado num verdadeira espião ao serviço de Sua Majestade. Não será um James Bond, mas também ele tem uma grande apetência por aventuras com mulheres perigosas, que tanto serão úteis às suas missões secretas como as poderão pôr em perigo. A Jack Gil cabia colaborar no desmantelamento das redes de espionagem nazis instaladas no país e as suas missões levam-no a percorrer todo o país, literalmente de norte a sul.
Tudo isto descreve Domingos Amaral numa linguagem simples e eficaz, que prende o leitor, socorrendo-se ainda de capítulos curtos para cimentar essa “ligação”.
Dá para ver, por este romance, como funcionavam os “neutrais” portugueses da época, sempre prontos a colarem-se a quem estava em alta, de início os alemães, posteriormente os ingleses. Essa ambiguidade começava logo em Salazar, sempre envolvido em jogos de equilíbrio entre uma força e outra. Por isso, na verdade não dormiria assim tão profundamente, mantinha-se era estrategicamente na sombra… para não se comprometer.
Este romance serve ainda para se tomar contacto com uma realidade praticamente desconhecida dos portugueses. Também por cá houve batalhas aéreas e navais, mas como Hollywood nunca pegou no tema… Aliás, Enquanto Salazar Dormia daria um belo filme de espionagem, se houvesse em Portugal um outro tipo de cinema.
Assim, contentemo-nos com este cativante romance, agora ainda mais acessível em versão de bolso.

Dose dupla de Philip Roth a 13 de Setembro

A 13 de Setembro chegam às livrarias, pela mão da Dom Quixote, novas edições de duas obras do norte-americano Philip Roth, Teatro de Sabbath e Pastoral Americana.

Teatro de Sabbath
«Teatro de Sabbath é uma criação cómica de proporções épicas e Mickey Sabbath o seu herói gargantuesco. Antes um escandaloso e inventivo saltimbanco, Sabbath, aos 64 anos, continua audazmente antagónico e excessivamente libidinoso. Mas depois da morte da sua amante de longa data – um erótico espírito livre, cuja audácia adúltera excede até a sua – Sabbath embarca numa turbulenta viagem ao passado.»

Pastoral Americana
«Este é um livro sobre amar – e odiar – a América; sobre o desejo de pertencer-lhe e recusar pertencer-lhe; sobre o desejo de uma pastoral americana: uma vida respeitável, com espaço, calma, ordem, optimismo e realização – contra o louco guerreiro que há em cada americano.»

“Inverno” assinala arranque da tetralogia Sangue Vermelho em Campo de Neve, do sueco Mons Kallentoft

As Publicações Dom Quixote lançam a 27 de Setembro Sangue Vermelho em Terra de Neve – Inverno, o primeiro volume de uma tetralogia de policiais assinada pelo sueco Mons Kallentoft e que tem conhecido um grande sucesso no seu país. Nesse mesmo dia é reeditado Identidade, de Milan Kundera e Silêncio, de Shusaku Endo. Antes, a 13 de Setembro, chega O Passado, do argentino Alan Pauls, apresentado como um romance de “amor-horror”.

Sangue Vermelho em Terra de Neve – Inverno – Mons Kallentoft
«No Inverno mais frio de que há memória na Suécia, um homem, nu e obeso, é encontrado pendurado num carvalho solitário no meio das ventosas planícies do condado de Östergötland. O cadáver apresenta sinais evidentes de violência mas, no local, a jovem e inteligente inspectora Malin Fors só pode constatar que a neve cobriu e ocultou para sempre as pistas deixadas pelo assassino.
Primeiro volume de uma tetralogia que está a fascinar os leitores europeus.»

A Identidade – Milan Kundera
Chantal e Jean-Marc vivem juntos em Paris, e amam-se tanto que por vezes parecem confundir-se. Há situações em que, por um instante, nenhum dos dois se reconhece, em que a identidade do outro se dissolve e em que, por tabela, cada um duvida da sua própria identidade.
Como seguindo o fio de um único projecto de largo alcance, que parece iniciar-se com A Imortalidade, Kundera volta a abordar um tema essencial da nossa época, fazendo-o inesperadamente, desta vez, sob a forma de um romance de amor.»

O Passado – Alan Pauls
«À sua maneira depravada e hilariante, O Passado é um tratado moderno de educação sentimental e um relato exemplar sobre as metamorfoses por que passam as paixões quando entram no buraco negro da sua posteridade. Um romance de amor-horror, que põe a nu o outro lado, simultaneamente sórdido e revelador, sinistro e desopilante, dessa comédia a que os seres humanos chamam “casal”.
Sobre o autor, escreveu Ricardo Piglia: “O aparecimento de Alan Pauls é o que de melhor podia ter acontecido à literatura argentina desde a estrela de Manuel Puig.”
O Passado foi adaptado ao cinema num filme de Hector Babenco, com Gael García Bernal a desempenhar a personagem de Rímini.»

Silêncio – Shusaku Endo
«Silêncio é o mais importante romance de Shusaku Endo. É a história de um idealista jesuíta português, padre Sebastião Rodrigues, que em 1640 embarca rumo ao Japão determinado a ajudar os cristãos japoneses, brutalmente oprimidos, e a descobrir a verdade sobre o que aconteceu ao seu antigo mentor, de quem correm rumores de ter rejeitado um glorioso martírio e apostatado.»

Cinco novos títulos na colecção Espreita

A Porto Editora acaba de lançar cinco novos títulos da colecção Espreita, dedicada ao público infantil a partir dos cinco anos.
Segundo a editora, “os cinco novos livros da colecção Espreita vão ao encontro da curiosidade sem limites das crianças e ajudam a estimular o gosto pela aprendizagem”.
Todas as páginas são totalmente ilustradas e incluem abas para as crianças espreitarem os pormenores de cada um dos assuntos.
Os cinco títulos editados são: Espreita a Ciência, Espreita o fundo do Mar, Espreita como funcionam as coisas, Espreita o Espaço e Espreita o Mundo dos Dinossauros. Anteriormente tinham sido lançados Espreita o Teu Corpo, Espreita a Matemática, Espreita o Planeta Terra, Espreita o teu Cérebro e Espreita o Atlas. Por si só, Espreita o teu Corpo vendeu cerca de 20 mil exemplares.

Contraponto apresenta “Um Amor em Segunda Mão”, de Isabel Wolff

Um Amor em Segunda Mão, da britânica Isabel Wolff, é um romance que gira em torno de roupas usadas e dos passados dessas mesmas peças de vestuário. O livro, editado pela Contraponto, chega às livrarias a 3 de Setembro.

Sobre o livro: «Um Amor em Segunda Mão conta a história de Phoebe Swift, uma especialista em história da moda que decide deixar o seu emprego na prestigiosa leiloeira Sotheby’s para abrir o seu próprio negócio – uma pequena loja de roupa vintage no Sul de Londres, chamada Vintage Village. Ao mesmo tempo, Phoebe está a lidar com a recente perda da sua melhor amiga, Emma, e com a separação do seu noivo. Por isso, refugia-se no trabalho – restaurando as maravilhosas e antigas peças de roupa que compra, revendendo-as para que tragam algum glamour à vida das suas clientes. Mas Phoebe não consegue deixar de pensar nas “vidas passadas” destas roupas – nas histórias que contariam se pudessem falar.
Um dia conhece Thérèse Bell, uma senhora de idade, de origem francesa, com uma belíssima colecção de moda para vender. Entre os fatos elegantes e vestidos de alta-costura, Phoebe encontra um casaquinho de criança azul que data da época da Segunda Guerra Mundial – uma peça que a Sr.ª Bell se recusa a vender. À medida que se vão tornando amigas, Phoebe vai escutando a triste e inspiradora história por trás do casaquinho azul – e vai descobrir uma ligação inesperada entre a vida da Sr.ª Bell e a sua, uma ligação que lhe permitirá libertar-se da dor do passado e voltar a amar.»

“Pecados e Seduções”, de John Updike, editado em Setembro

Pecados e Seduções, de John Updike, será publicado em Setembro pela Civilização. Updike, falecido em 2009, é autor de uma extensa obra e já venceu o Pulitzer Prize, o National Book Award, o American Book Award e o National Book Critics Circle Award.

Sinopse: «A história da vida de Owen Mackenzie abunda em pecados e seduções, domesticidade e deboche. O casamento com a sua namorada de liceu, a que logo se segue a sua primeira traição e, mais tarde, uma série de casos. A sua busca pela felicidade, numa sucessão de povoações desde a Pensilvânia até ao Massachusetts, condu-lo à beira do caos, do qual é salvo, mas a salvação encerra um preço fatal.»

Gailivro revela “Diário de uma Totó”

Diário de uma Totó, de Rachel Renée Russel, chega em Setembro às livrarias, numa edição Gailivro.

Sinopse: «Nikki tem catorze anos e como qualquer miúda dessa idade vive intensamente os “dramas” de uma adolescência atribulada: a adaptação a uma nova escola, o dia-a-dia com a irmã mais nova, os problemas com os pais e a primeira paixão.
Com um registo despreocupado e ilustrações divertidas, este diário de uma adolescente é uma leitura obrigatória para todas as idades.»

National Book Award 2009, “Deixa o Mundo Girar”, de Colum McCann, sai em Setembro

A Civilização anunciou que vai lançar em Setembro Deixa o Mundo Girar, de Colum McCann, romance que em 2009 conquistou o National Book Award 2009. O autor, nascido em Dublin mas a viver em Nova Iorque, verá publicado em Maio de 2011 um outro livro na Civilização, intitulado This Side of Brightness.

Sinopse: «Numa madrugada do final do Verão, os habitantes de Manhattan observam incrédulos e em silêncio as Torres Gémeas. Estamos em Agosto de 1974 e um misterioso funâmbulo corre, dança e salta entre as torres, suspenso a quatrocentos metros do chão. Em baixo, nas ruas da cidade, vidas banais tornam-se extraordinárias através deste retrato impressionante e complexo de uma cidade e dos seus habitantes.»

Contraponto aposta em “O Contador Histórias”, de Rabih Alameddine, para a rentrée de Setembro

A Contraponto lança a 3 de Setembro, O Contador de Histórias, de Rabih Alameddine, um romance que nos leva das dunas resplandecentes do Antigo Egipto às ruas devastadas do Líbano contemporâneo. Trata-se, garante a Contraponto, de “um romance surpreendente, imaginativo e exuberante”. O autor, nascido na Jordânia e filho de libaneses, viveu no Kuwait, no Líbano, em Inglaterra e nos Estados Unidos da América.

Sobre o livro: «Osama al-Kharrat regressa a Beirute, depois do seu prolongado exílio voluntário na América, para estar ao lado do seu pai no leito da morte. A cidade, agora, é apenas uma sombra da Beirute de que Osama se lembra, mas a sua família e os seus amigos mantêm o espírito intacto: continuam a discutir, a rir e, sobretudo, a contar histórias.
O avô de Osama era um hakawati, ou contador de histórias, capaz de adoçar os ouvidos do emir mais céptico e de despertar a imaginação mais adormecida com contos clássicos reinventados a partir da Bíblia, do Corão ou das Metamorfoses de Ovídio.
O jovem Osama recolhe o legado do seu avô e começa a tecer a história da própria família, cheia de segredos, escândalos e frustrações. Uma história que o levará a voar num tapete mágico pelos céus do Médio Oriente, com fábulas de princesas, de génios, de sultões e vizires, por palácios e desertos. Uma preciosa peça de tapeçaria que une o clássico e o moderno, o mítico e o quotidiano, que encerra uma história dentro de outra como que por magia, hipnotizando o leitor desde as primeiras linhas: «Escutai. Deixai-me ser o vosso deus. Deixai-me levar-vos numa viagem para lá da imaginação. Deixai-me contar-vos uma história.»