Bem-Vindos a Joyland – Stephen King

joylandBem-vindos a Joyland, um original de 2013 que em Portugal foi editado pela Bertrand, tem os ingredientes habituais de Stephen King de mistério, algum terror e um pouco de sobrenatural, numa decadente feira popular bem ao estilo americano, mas é muito mais do que isso. Trata-se igualmente, ou até mais, de uma história do despertar para a vida de um jovem, no caso Devin Jones, o narrador, que já mais velho nos conta esta história da sua juventude.
Depois de sofrer um desgosto de amor, Devin resolve ir trabalhar no verão de 1973 para uma feira popular na Carolina do Norte, onde acaba por se transformar num funcionário exemplar, bem acolhido pelos seus colegas e patrão. É nesse parque de diversões que lhe contam que a mansão assombrada está amaldiçoada, depois de uns anos antes uma rapariga ter sido degolada pelo namorado enquanto seguiam num carrinho na diversão. Desde então, segundo alguns funcionários, a rapariga foi avistada várias vezes junto à diversão, onde foi assassinada e abandonada pelo namorado, que nunca foi identificado.|
Mas a verdade é que este crime é apenas mais um elemento da história e nem sequer o mais importante, pois o que cativa o leitor é mesmo a vida de Devin Jones, as suas amizades, os seus desgostos amorosos e recuperações, num ambiente sempre muito bem retratado por Stephen King. O autor consegue captar a atenção do leitor tanto com o mistério criado, como com as descrições dos ambientes e vidas das personagens, tornando o crime na diversão da mansão assombrada num mero acessório da história.
As personagens, aliás, são uma mais-valia nesta obra menos assustadora do que o habitual em King, começando pelo protagonista, um rapaz simpático e interessante, mas não esquecendo todos os habituais excêntricos de um parque de diversões sazonal que conhecemos essencialmente da literatura e cinema americanos.
Note-se ainda que este livro de Stephen King é mais pequeno do que o habitual no escritor, tendo a edição de bolso da Bertrand, na coleção 11/17, umas “meras” 300 páginas, enquanto a edição “normal” não passa das 256.
Uma boa aposta, portanto, para quem aprecia uma boa história, desfrutando do trabalho de um belo contador de histórias como Stephen King sem “levar” com o habitual horror que ele nos reserva.

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Astérix e Obélix regressam em outubro

Menir_ouro_CAPA_PTAstérix e Obélix vão regressar a 21 de outubro, não em BD, mas numa aventura ilustrada, com a particularidade de ser da autoria dos seus criadores, Goscinny e Uderzo. O álbum, que se irá intitular O Menir de Ouro, será editado em Portugal pelas Edições ASA, tendo já sido divulgada a capa.
Esta aventura foi pela primeira vez posta à venda em 1967, em formato livro-disco, nunca tendo sido editada no formato álbum. As ilustrações serviram para acompanhar o registo áudio em disco num livreto. Albert Uderzo, recentemente falecido, ainda supervisionou em finais de 2019 o trabalho de restauro das ilustrações.
Irá ser disponibilizada também, para ser descarregada a partir da Internet, uma gravação áudio da narração da história.
O Menir de Ouro irá assim juntar-se assim à coleção de álbuns ilustrados de Astérix e Obélix: Os XII Trabalhos de Astérix, Como Obélix Caiu no Acldeirão do Druida Quando Era Pequeno e O Segredo da Poção Mágica.

 

Sinopse de O Menir de Ouro: Reina a agitação na aldeia gaulesa: Cacofonix decidiu participar no famoso concurso de canto dos bardos gauleses para conquistar o Menir de Ouro! Para o protegerem neste certame seguido de perto pelos romanos, Astérix e Obélix ficam encarregados de o acompanhar: eles não devem perder Cacofonix de vista, mesmo correndo o risco de… ficarem surdos!

Despertar – Stephen King

despertarDespertar, obra de Stephen King de 2014 e editada em Portugal pela Bertrand, nomeadamente em formato de bolso, é mais uma prova, entre muitas, do estilo cativante e genial do autor, a quem talvez por vezes não se dê o merecido crédito devido ao ritmo alucinante a que escreve e publica.
Em Despertar, cujo título original é Revival, o cenário, pelo menos no início, é, como é norma em Stephen King, uma cidadezinha americana, no caso em Nova Inglaterra. A história arranca no início dos anos 1960 (mais precisamente 1962), altura em que «assistimos» ao encontro entre o pastor metodista Charles Jacobs e o então rapazinho de seis anos Jamie Morton, o narrador, que desde logo nutre um fascínio por aquele jovem religioso, chegado à cidade na companhia da sua mulher e do filho. Entre os dois forma-se um laço especial que vem a ser cortado ao fim de algum tempo quando se abate uma tragédia familiar sobre a vida do pastor, que põe então em causa a sua fé religiosa, acabando banido da cidade. Uma cidade, note-se, que conquistara graças ao seu entusiasmo e vigor, mas que depois não demora a pôr-se contra ele, quando este começa a duvidar da fé. O pastor, nomeadamente, passa a acreditar mais no poder da eletricidade, uma paixão e obsessão suas, do que no de Deus.
Charles e Jamie acabam por afastar-se e só muito anos mais tarde é que este último, depois de uma espiral de decadência que o levou ao consumo de drogas, volta a cruzar-se com o antigo pastor. Jamie, que sempre adorou guitarra, tornara-se músico, saltando de banda para banda, com dificuldade em assentar. Já nos anos 1990 voltam então a encontrar-se, Jamie viciado em droga, Charles uma espécie de charlatão ambulante com atuações em feiras onde ilude o público com truques assentes nos poderes da eletricidade.
Charles acaba por salvar Jamie do vício da droga e este entretanto começa a trabalhar para ele. Mas se Charles Jacobs deixou de parte a religião, o mesmo não fez em relação à eletricidade e às experiências. No entanto, Jamie repara que o seu velho amigo está obcecado e com uns laivos de loucura, e a dada altura tenta travá-lo.
É aqui que começa a parte do terror propriamente dita, pois o objetivo máximo do antigo pastor passa por alcançar um feito macabro através dos seu conhecimentos de eletricidade, algo relacionado com a família que perdeu no início desta história e que o marcou e transformou para sempre.
O sobrenatural é bom de ver marca presença em Despertar, que praticamente pode ser considerado um livro de terror, em especial pelo seu final, mas as habituais descrições do quotidiano americano constituem também um dos pontos fortes. Tudo bem misturado, como é norma, por Stephen King, que nos transporta para cenários aprazíveis onde depois ocorrem acontecimentos estranhos e assustadores.