Gostamos tanto de Glenda – Julio Cortázar (Cavalo de Ferro)
«Por que razão o registo do número de entradas diárias no metro de Buenos Aires é inferior ao das saídas? Será possível assistirmos a um acontecimento na nossa cidade para depois descobrirmos que o mesmo teve lugar numa outra? Até onde pode chegar o amor de um grupo de cinéfilos pela sua actriz favorita?
Gostamos tanto de Glenda, originalmente publicado em 1980, e até hoje inédito no nosso país, contém alguns dos mais famosos contos escritos por Julio Cortázar. Histórias onde desfilam os temas que este autor soube, como poucos, converter em literatura: os sonhos, os gatos, o cinema, a música, o tempo; e onde a realidade quotidiana é a primeira a destabilizar a ordem natural das coisas.»
O Canto da Cigarra – Augusto Gil e Stuart Carvalhais (Althum)
«O Canto da Cigarra – Sátiras às mulheres parece ter sido inspirado pelo amor impossível a uma jovem de quem, temporariamente, se afastou e com quem veio a casar-se mais tarde. Magoado e desiludido, traz à tona, neste conjunto de poemas, a sua veia de crítica mordaz das mulheres e da sociedade da época. A mulher aparece, assim, desdenhada, alvo constante a abater, antes de o sentimento, o afecto ou o interesse se tornarem fortes e duradoiros. Uma atitude de sobranceria apaziguada no culto da sátira lírica.
Editadas em 1909, já “desbastadas das mais cortantes arestas”, estas sátiras são o resultado de um período intenso de leituras oitocentistas sobre a mulher. Mais adiante, num prefácio em que explica não só a inspiração como a vontade de escrever com uma “pena de guerreiro” arvorado em “Trepoff do feminismo”, acaba por confessar o seu convencimento de a mulher ser um poço de defeitos não só devidos à “subalternidade em que [a mulher] sempre tem vivido, mas também devido à generalizada corrupção contemporânea”. E, num derradeiro desabafo, este livro “trata-se de uma dor de cotovelo tão abstracta como as abstracções do grande Kant”. Sem endereço. Inócuo por isso.
Excertos do texto para esta edição de Gabriela Carvalho, historiadora»
Despedida de Casado – Virgílio Castelo (Esfera dos Livros)
«Morrer por amor. Numa fria madrugada, num ato de loucura, João e Beatriz decidem suicidar-se para eternizar o seu amor, tornando-o assim perfeito. Imortal. Na escuridão da planície alentejana entram nos seus carros e aceleram vertiginosamente um contra o outro. Mas João, no último momento, decide reescrever o seu destino. Para isso será necessário uma despedida. Do casamento, de Beatriz, de uma relação perigosa, baseada na obsessão e no ciúme descontrolado. Despedir-se sem olhar para trás e partir numa longa viagem em busca de si próprio, da sua essência e de uma nova forma de amar, até agora desconhecida. Um amor puro, sem sofrimento, nem ameaças, capaz, quem sabe, de o fazer verdadeiramente e apenas feliz.
Depois do êxito do seu primeiro romance, O Último Navegador, o ator Virgílio Castelo regressa à escrita com este poderoso romance sobre as relações humanas. Até onde podemos ir quando nos apaixonamos? Ao longo destas páginas somos questionados e impelidos a descobrir diferentes formas de amar. Do amor obsessivo e doentio, capaz de nos arrastar para o lado mais obscuro e desconhecido do nosso ser, capaz de nos levar à loucura e até à morte, ao amor são, onde a entrega, a esperança e a paixão, dão novos significados à palavra amar.»
O Dono do Mundo – João Ermida (Oficina do Livro)
«A Oficina do Livro edita […] o primeiro romance do ex-banqueiro João Ermida, que chegou a ser responsável global dos mercados financeiros do Santander. Abordando as crises financeiras, O Dono do Mundo revela o universo de luxo e ganância desmedida, deslumbramento e vaidade extrema, da falta de escrúpulos e poder ilimitado dos profissionais da alta finança.
Uma das primeiras vozes a “anunciar” a crise de 2008, João Ermida conta num romance baseado na sua experiência pessoal como se chegou a loucura da actual crise e “retrata” alguns dos principais banqueiros que acharam que podiam testar a máquina financeira mundial. Acordavam com a adrenalina em alta, julgando-se donos do mundo, pensando que os políticos eram meros fantoches.»
Um Homem Tem de Lutar – Clara Pinto Correia (Clube do Autor)
«História do século XX português através de um extraordinário testemunho de vida.
“Ao regredir e divagar pela riqueza exuberante dos seus 87 anos de memórias, este Socialista impenitente está a contar-nos a História de todo o século XX português. É uma voz que nos conta sem punhos de renda a saga de quando os pobres andavam de queixo erguido sem sentirem sequer a pobreza e o Socialismo era mesmo um conceito político de esquerda, limpo, nítido, brilhante, completamente despido de compromissos ocultadores.
Mas, e acima de tudo, assim, na primeira pessoa, é uma voz que ficou até agora deixada por ouvir: o que Manuel Jerónimo nos revela é a História da vida pública e privada do operariado português tal como visto por si mesmo. ‘Quando um homem se revolta, um homem tem de lutar’, diz-nos ele logo no arranque, para, imediatamente de seguida, revisitar com evidente alegria todas as lutas que liderou.” Clara Pinto Correia
Chamam-me Manel 25.
Já houve um tempo em que fui O Galã.
A minha alcunha na PIDE era O Rufia.
No parlamento disseram que eu era O Deputado Incómodo.
Em África sou O Branco Preto.
O meu nome é Manuel Ferreira Jerónimo.
Esta é a minha história.»
O Ataque aos Milionários – Pedro Jorge Castro (Esfera dos Livros)
«Os sindicalistas que assumiram o controlo do Banco Espírito Santo deixaram o momento registado no livro de honra da instituição com letras maiúsculas: “AQUI ACABOU O DOMÍNIO DOS CRIMINOSOS MONOPOLISTAS, INIMIGOS DO POVO E DA REVOLUÇÃO – 11/3/75 ÀS 14 HORAS”.
Estava prestes a entrar em acção o tenente Rosário Dias, assessor económico do primeiro-ministro. «Tenho informações de que neste momento os administradores do Banco Espírito Santo estão reunidos e vou lá prendê-los», anunciou. Começou assim a vaga de prisões que atingiu as famílias Espírito Santo, Mello e Champalimaud, transformadas em alvos do poder revolucionário por terem apoiado o Estado Novo e por terem enriquecido com o regime. Foi criado no país um ambiente generalizado de ódio aos ricos. Álvaro Cunhal, líder do PCP, admitiu na altura: «Tem que se fazer contra alguém uma revolução (…) Se é para pôr outra vez os patrões à frente das empresas, nós dizemos não. Queremos que não haja uma recuperação pelos Champalimaud e pelos Mello». O objectivo foi atingido: as nacionalizações começaram a ser discretamente preparadas nos bastidores muito antes de terem sido oficialmente decretadas; e o gabinete de Vasco Gonçalves elaborou uma lista com 305 nomes de altos quadros dos bancos que não podiam sair do país e ficaram com as contas bancárias sob vigilância. A Revolução de 1974/1975 é uma das páginas mais fascinantes da História contemporânea de Portugal: permitiu pôr fim à ditadura, à repressão da polícia política e à censura. Mas teve um lado controverso de excessos e perseguições. Com base em três dezenas de entrevistas e em documentos, na maioria inéditos, conservados numa dezena de arquivos, o jornalista Pedro Jorge Castro reconstitui neste livro a forma como as famílias mais ricas viverama Revolução que há 40 anos sacudiu Portugal.
O Estripador Português – Nelson Rosa (Papiro)
«Num bairro degradado da cidade existe uma esquadra de Polícia, que aparenta estar prestes a ruir. Tudo aponta para que o dia que acaba de começar seja igual a todos os outros, quando, repentinamente, o chefe Martins é avisado de uma descoberta macabra. O corpo de uma jovem prostituta havia sido encontrado numa mata, num cenário de horror que se assemelhava às histórias de Jack, o estripador.
Apesar da dificuldade em identificar o responsável, o chefe Martins não desiste de o apanhar. Assim, quando outros corpos começam a aparecer, aparentemente assassinados pelo mesmo psicopata, o chefe decide pedir a ajuda de Mónica, uma prostituta. Quem seria o psicopata por trás destes assassínios tão macabros e que tão bem sabia esconder a sua identidade? E será Mónica capaz de ajudar o chefe Martins?»
Guia Prático do Emigrante – Mónica Menezes (Vogais)
«Segundo os dados do INE, houve 121.418 pessoas a sair de Portugal em 2012, número divulgado no final de 2013, resultante da soma dos emigrantes permanentes e dos emigrantes temporários (pessoas com intenção de permanecer no estrangeiro por um período inferior a um ano). “São ordens de grandeza que nos atiram para os anos 60. Estão a sair mais pessoas do que as que nasceram”, afirmou então Maria João Rosa, demógrafa e diretora da Portdata.
Novos, velhos, casados, solteiros, todos partiram em busca daquilo que Portugal já não lhes oferecia: trabalho. E na realidade, as notícias de todos os dias mostram que são muitos milhares aqueles que se querem juntar aos que já fizeram a mala e partiram.
A jornalista Mónica Menezes pesquisou quais os países que ainda oferecem oportunidades de trabalho e quais os países que podem trazer alguma réstia de esperança àqueles que acreditam ter-se chegado a um beco sem saída.
São 21 territórios estudados ao pormenor com respostas a perguntas como: “onde procurar casa?”; “onde pôr os filhos a estudar?”; “qual o custo de vida?”. Os 21 destinos apresentados neste livro não foram escolhidos aleatoriamente. Segundo dados do Observatório da Emigração e do gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, estes são os locais para os quais tem havido um maior fluxo de emigração nacional e/ou onde há atualmente mais oportunidades profissionais:
• EUROPA: Alemanha; Bélgica; Espanha; França; Holanda; Luxemburgo; Inglaterra; Escócia; Suíça.
• ÁFRICA: Angola; Cabo Verde; Moçambique; São Tomé e Príncipe.
• AMÉRICA: Brasil; Canadá; Chile; Estados Unidos da América.
• ÁSIA: China; Macau; Emirados Árabes Unidos.
• OCEÂNIA: Austrália.
A complementar, 21 histórias, uma por país, de quem partiu, com mais ou menos sucesso, para ajudar a perceber os problemas e as vitórias do dia-a-dia.»