“Sem Rasto”, de Chris Mooney, é um interessante thriller que chegou ao mercado nacional por iniciativa da Mill-Books. O autor vive em Boston e é essa cidade/área norte-americana que serve precisamente de palco a esta história sobre raparigas/mulheres desaparecidas.
Uma agente CSI de Boston, Darby McCormick, tem no seu passado de adolescente o envolvimento, enquanto vítima, em um caso de desaparecimento. Uma amiga sua, com quem, por acaso, assistiu num bosque a uma violenta agressão de um desconhecido sobre uma mulher, acaba por desaparecer uns dias mais tarde. Uma outra amiga, também testemunha do mesmo crime, acaba por ser brutalmente assassinada. Só escapa a própria Darby, mas não escapa a transportar consigo ao longo da vida o peso da culpa de ser a sobrevivente desse caso ocorrido já na década de 80. O culpado, esse, nunca foi apanhado.
Filha de um polícia, entretanto falecido, Darby segue também carreira nas forças de segurança e torna-se investigadora criminal.
Sem vida pessoal que a satisfaça, Darby vive para a sua profissão e para a mãe, que sofre de uma doença incurável e necessita de constate apoio. Até que um dia, ao investigar o desaparecimento de um casal de namorados, encontra uma mulher bastante debilitada, física e psicologicamente, que, vem a saber-se, fora raptada cinco anos antes. De alguma forma, a desconhecida logrou escapar ao seu raptor, que a mantinha encerrada num calabouço.
Darby enceta uma desesperada caça ao raptor, de modo a evitar mais mortes, mas na verdade essa caçada vai levá-la a envolver-se em algo muito maior, vai levá-la a regressar ao seu passado.
Chris Mooney conseguiu, mesmo sendo homem, vestir bem a pele de uma protagonista feminina, deixando-nos enredados na mente de Darby e fazendo-nos viver intensamente os acontecimentos pelos quais ela vai passando.
Os ambientes cinzentos de Boston (a nível de paisagem, de clima e de mentalidade) são retratados de forma crua por Chris Mooney, de uma forma que só poderia ser feita por alguém que vive intensamente aquela região. Um pouco na senda do que vem fazendo Dennis Lehane, o autor, de “Mystic River”, “Shutter Island” ou “Gone, Baby, Gone”.
Como qualquer bom policial, não faltam em “Sem Rasto” elementos que surpreendam, que assustem, ou seja, que nos deixem completamente enredados numa teia que vem sendo construída há mais de vinte anos.
Por vezes brutal e impiedoso, tem tudo para agradar aos amantes do género. O ritmo é intenso, o autor não perde tempo com superficialidades, e não faltam surpresas, mesmo para o mais atento dos leitores de polícias, que está sempre atento à espera de por antecipação detectar reviravoltas no argumento.
Note-se ainda que a investigação forense está bem fundamentada e detalhada, o que poderá agradar a fãs de séries televisivas como “CSI”.