“A Cabana”, um candidato assumido a best-seller que nasceu numa edição familiar

pe-cabasup“A Cabana”, romance do canadiano Wm. Paul Young que será posto à venda pela Porto Editora em Portugal a 2 de Outubro, tem tudo para ser um best-seller e se não o for é que será de estranhar. O livro só nos Estados Unidos vendeu mais de sete milhões de exemplares, enquanto no Brasil atingiu a marca de um milhão. A ter em consideração as 500 encomendas registadas nas primeiras vinte e quatro horas em que esteve em pré-venda na livraria on-line Wook nada de estranho irá acontecer: será mesmo um best-seller.
E a Porto Editora tem-se esforçado para que o objectivo seja alcançado. Foi criado um sítio oficial na internet – www.acabana.pt – e um perfil no Facebook (já com perto de mil “amigos” em 30 de Setembro) –www.facebook.com/acabanaportugal –, tendo sido distribuída aos media com a devida antecipação uma edição especial de “A Cabana” (ver imagem mais pequena). Este é um comportamento pouco comum entre as editoras portuguesas mas de extrema utilidade. Os críticos ou opinantes de livros têm assim tempo de conhecer a obra antes de a mesma ser lançada ao público, permitindo que escrevam sobre ela em tempo útil. Com a velocidade a que os livros se devoram uns aos outros nas estantes das livrarias e derivados, quando o crítico/opinante divulga o seu parecer sobre a obra já está perdeu o efeito novidade e o leitor passou para outra.
A táctica parece ter resultado, pelo menos na blogosfera já há vários textos sobre a obra. Pode ler já a seguir alguns deles:

Estante de Livros: http://estante-de-livros.blogspot.com/2009/09/cabana_28.html

Planeta Márcia: http://planetamarcia.blogs.sapo.pt/60562.html

BiblioMigalhas: http://bibliomigalhas.blogspot.com/search?q=Cabana

Marcador de Livros: http://marcadordelivros.blogspot.com/2009/09/cabana-wm-paul-young.html

Bookshelf da Betita: http://betita-bookshelf.blogspot.com/2009/09/cabana-de-wm-paul-young.html

pe-cabana1O livro, como qualquer boa história de sucesso na vida, nasceu pobre e humilde. O autor, Paul Young (não se assustem, não é o cantor pop que nos atormentou nos anos 80), começou a escrever “A Cabana” em 2005, com o objectivo de explicar aos seus seis filhos como lidou com as tragédias que lhe assolaram vida. Fez algumas cópias (15) e ofereceu a obra a alguns familiares e amigos. Só que algumas pessoas, tocadas pelo conteúdo do romance, começaram a pedir mais cópias para oferecer a mais gente e este “sucesso” levou Paul a pensar que poderia fazer chegar a sua mensagem a maiores públicos. Ajudado por um amigo, criou uma pequena editora, destinada a produzir uma edição de autor de “A Cabana”. Os passos seguintes já deu para perceber quais foram, tendo em conta os milhões de exemplares vendidos.
Quanto ao conteúdo do romance, afinal de contas o essencial, trata-se da descrição de uma sui generis conversa com Deus encetada pelo protagonista (Mack), que, naturalmente, é tudo menos crente, dado que passara recentemente pela provação de perder uma filha ainda criança. Quando passava férias com a família na floresta, no Oregão, a filha mais nova, Missy, foi raptada e brutalmente assassinada, segundo indicaram as provas encontradas numa cabana abandonada. Quatro anos mais, tarde, Mack, eternamente deprimido, recebeu um bizarro bilhete escrito por Deus que o convidava a visitar a tal cabana. Apesar de toda a sua descrença, resolveu aceitar o convite e deslocou-se lá. Aceitou assim participar em dois combates distintos, reviver o desaparecimento da filha e, ao mesmo tempo, tentar dialogar com Deus.
Como seria de esperar, as suas reservas eram infundadas e foi mesmo estabelecido contacto com Deus, mas não da forma que os crentes estão habituados a aceitar. O autor, através dos diálogos de Mack com Deus e Jesus, levanta uma série de questões destinadas a fazer o leitor pensar e a reequacionar a sua relação com as entidades superiores. O livro está escrito de uma forma clara, directa e simples e consegue colocar no papel as dúvidas de cada um na sua relação (ou falta dela) com Deus, sugerindo uma série de respostas que agradarão, sem dúvida, a quem já está aberto a uma mudança na sua vida e sedento de soluções para o incompreensível. Contudo, para ser honesto, tenho de confessar que comigo não resultou. Deus continua a não fazer parte das minhas crenças e nem por um momento “A Cabana” me levou a equacionar fosse o que fosse. Mas cabe a cada um encarar o romance como quiser. Como isso mesmo, um romance, como uma luz, como um abrigo, como um livro a evitar. Mas isso afinal é o que se passa com todos os livros, certo? E, no fim de contas, dá sempre bons motivos para animadas conversas. 

O autor
pe-paulyWm. Paul Young nasceu no Canadá e foi criado pelos pais missionários numa tribo nas montanhas do que era a Nova Guiné. Uns anos mais tarde, as mortes do irmão mais novo e de uma jovem sobrinha deixá-lo-iam completamente destroçado.
Há cerca de ano e meio, Wm. Paul Young tinha três empregos mas hoje em dia a sua vida deu uma enorme reviravolta. Actualmente, vive com a família no estado de Oregão, nos EUA.

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Romance sobre a vida de Aristides Sousa Mendes sai a 9 de Outrubro

sde-consulA Saída de Emergência lança a 9 de Outubro “O Cônsul Desobediente”, romance histórico de Sónia Louro que tem por protagonista Aristides de Sousa Mendes, uma das grandes figuras da História de Portugal. 

Sinopse: “Há pessoas que passam no mundo como cometas brilhantes, e as suas existências nunca serão esquecidas. Aristides de Sousa Mendes foi uma dessas pessoas. Cônsul brilhante, marido feliz, pai orgulhoso, teve a sua vida destruída quando, para salvar 30 000 vidas, ousou desafiar as ordens de Salazar.
Nascido numa família com laços à aristocracia, Aristides cursa Direito em Coimbra e opta por uma carreira consular. Vive nos locais mais exóticos de África e nos mais cosmopolitas da Europa. Cônsul em Bordéus durante a Segunda Guerra, é procurado por milhares de refugiados para quem um visto para Portugal é a única salvação. Sem ele, morrerão às mãos dos alemães.
Infelizmente, Salazar, adivinhando as enchentes nos consulados portugueses, proibira a concessão de vistos a estrangeiros de nacionalidade indefinida e judeus. Sob os bombardeamentos alemães, espremido entre as ameaças de Salazar, as súplicas dos refugiados e sua consciência, Aristides sente-se enlouquecer. E então toma a grande decisão da sua vida: passar vistos a todos quantos os pedirem. Salvará 30.000 inocentes mas destruirá irremediavelmente a sua vida.
Esta é a história de um grande português. De um herói com uma coragem sem limites. Só é possível compreender o seu feito se nos colocarmos no seu lugar: destruiríamos a nossa vida e a da nossa família em nome da caridade e do amor ao próximo? Até ao seu derradeiro fôlego, Aristides nunca se arrependeu.”

Caderno dá a conhecer a história do papagaio Alex

cad-alex-papagaioA Caderno lançou recentemente “Alex & Eu”, de Irene M. Pepperbeg, a incrível história de um papagaio genial, cuja morte foi notícia em todo o mundo.

“Alex & Eu” – Irene M. Pepperbeg
Sinopse: “Quando Alex morreu, aos 31 anos, a notícia correu mundo, relatada pelas rádios e televisões, evocada em obituários de publicações tão prestigiadas como a Economist ou o New York Times. Alex, afinal, era um papagaio muito especial. Falava como gente grande, mais de 150 palavras, conhecia números, cores, formas, pensava pela sua própria cabeça, até fazia contas de somar. Tinha aprendido tudo isso com Irene Pepperberg, uma cientista brilhante que passou trinta anos ao seu lado, a ensiná-lo, a estudar-lhe cada gesto, a registar cada novo progresso.
Em ‘Alex & Eu’, Irene conta a história que nunca apareceu nos jornais. Fala da sua relação afectiva com um papagaio extraordinário, recorda um quotidiano feito de saudades, de birras, de momentos de ternura ou de ataques de ciúmes. E do modo como, todas as noites, antes de se deitar, ela perguntava ao seu amigo: ‘Estarás cá amanhã?’ Ao que ele respondia, fielmente: ‘Sim, amanhã estarei aqui. Porta-te bem. Gosto muito de ti.’”

Biografia do Infante D. Henrique nas novidades da Esfera dos Livros

el-henriqueel-porqueA Esfera dos Livros lançou em Setembro os aqui já anunciados “Um Amor em tempos de Guerra”, de Júlio Magalhães, e “As Avis”, de Joana Bouza Serrano (esta obra será apresentada a 1 de Outubro, às 18h30, no El Corte Inglês de Lisboa), mas convém não esquecer neste mês a edição de obras como “Henrique, o Infante”, de João Paulo Oliveira e Costa, “O Grande Livro da Alimentação”, de Rodrigo Marrecas de Abreu, e “Porquê a Mim?”, de Bernardo Teixeira. 

“Henrique, o Infante” – João Paulo Oliveira e Costa
Sinopse: “Poucas figuras históricas marcaram tão profundamente a existência de Portugal na sua configuração e na sua relação com o mundo e de forma tão radical e transformadora como o infante D. Henrique.
Esta original biografia procura fugir às polémicas ideológicas que marcaram muitos dos estudos sobre o infante, dando a conhecer um impressionante percurso biográfico que mostra o carácter complexo de uma personalidade com as suas luzes e as suas sombras. Um retrato completo deste homem egocêntrico, implacável, obstinado, com muitas falhas e facetas imperscrutáveis no seu carácter, mas que foi também um visionário do seu tempo.
Despojado do mito, D. Henrique não é apenas o Navegador, mas é antes um príncipe preocupado com o seu senhorio e com a sua influência política; um cortesão que sabia influenciar e enlear as demais figuras da corte, através de uma simpatia que o colocou sempre acima das divergências que dividiam os membros da família real; um guerreiro que desejava ardentemente participar na guerra santa; que se cobriu de glória em Ceuta mas que enfrentou o desastre em Tânger.” 

“Porquê a Mim?” – Bernardo Teixeira
Sinopse: “
‘Pela primeira vez na minha vida, estou a ver a lua aos quadradinhos. É mesmo como nos filmes. Sentado no parapeito da janela, olho para o céu e penso em como tudo podia ter sido tão diferente. Só me apetece chorar. Estou a aguentar as lágrimas desde esta manhã.’
Assim se inicia o relato deste ex-aluno da Casa Pia de Lisboa. Abandonado pela família aos 11 anos, Bernardo é entregue aos cuidados desta instituição. ‘Não te preocupes’, dizem-lhe, ‘nunca te vão fazer mal’. Os primeiros tempos são difíceis.
Loiro, franzino e sensível, o rapaz é gozado pelos colegas mais velhos. Isola-se, não confia em ninguém, só no diário que escreve à noite às escondidas. Até que faz um amigo mais velho, o motorista.
Caetano dá-lhe boleias, presentes e carinho. Promete ser o pai que Bernardo nunca teve. Mas pede algo terrível em troca. Seguem-se tempos de dor, de vergonha e de solidão, que por pouco não acabam da pior maneira.
Quase dez anos depois dos primeiros abusos, Bernardo Teixeira, uma das vítimas do processo de pedofilia que chocou o país, conta toda a sua história. Um testemunho inédito e impressionante sobre o lado mais negro do ser humano, que pretende dar voz aos inocentes e trazer alguma paz ao seu protagonista.
Bernardo Teixeira é ex-aluno da Casa Pia de Lisboa, tendo sido vítima de abusos sexuais. Neste momento tenta ultrapassar o trauma e refazer a sua vida.” 

el-alimentacao“O Grande Livro da Alimentação” – Rodrigo Marrecas de Abreu
Sinopse: “Uma alimentação correcta é fundamental para a saúde e desenvolvimento dos nossos filhos. Mas sabemos no que consiste uma alimentação adequada para as crianças?
De um modo prático, completo e pensado para os pais de hoje, este livro, que nasce da experiência de dois grandes profissionais portugueses com uma larga experiência clínica – um nutricionista e uma pediatra – acompanha o processo da alimentação infantil desde o início da gravidez até aos cinco anos de idade e responde às dúvidas sobre educação alimentar que assaltam a maioria dos pais:
Podem consumir-se alimentos light durante a gravidez (adoçantes, produtos magros, etc.)?
Que alimentos são proibidos durante a amamentação?
Posso por sal no puré do meu filho de 6 meses? E azeite?
Em vez de fruta ou puré, posso usar os boiões próprios para bebés?
O meu filho acorda durante a noite e só volta a adormecer se lhe der leite. Que devo fazer?
Que carnes são mais saudáveis para uma criança? E que peixes são mais nutritivos?
Como posso saber se o meu filho é alérgico a alimentos?
Dizem que o leite de soja é melhor, é verdade?
Esta obra oferece-lhe conselhos práticos sobre a amamentação, como conseguir uma alimentação infantil saudável e equilibrada, sobre a introdução de novos alimentos, controlo da higiene alimentar e vigilância de peso, truques para ensinar a comer e comportar-se à mesa e informações sobre doenças relacionadas com a alimentação como a diabetes, a obesidade e a doença celíaca. Para além de nos apresentar casos reais, analisa e desvenda erros e tabus mais comuns sobre o tema e inclui uma grande variedade de planos alimentares, menus, receitas e curiosidades.” 

“Um Amor em tempos de Guerra” – Júlio Magalhães
Sinopse: “António nasceu marcado pelo nome. O mesmo que o vizinho da rua das traseiras, o homem que se fez doutor em Coimbra e que ia à terra sempre que podia, o tal que governava o país com pulso de ferro. Mas de pouco ou nada lhe valeu tão grande nome quando o destino o enviou para Angola, para defender a pátria em nome de uma guerra distante que não era a sua.
Deixou para trás a sua terra, a mãe inconsolável e Amélia, a mulher a quem pedira em casamento, num banco de pedra, junto à igreja e que prometera fazer dele o homem mais feliz de Vimieiro. Promessa gravada num enxoval imaculado que ficou guardado no armário, à espera do fim daquela maldita guerra.
Quando António regressou de Angola, era um homem diferente. Marcado no corpo por anos de guerra e de cativeiro e no coração por um amor impossível que deixara em pleno mato angolano. Regressava para cumprir a promessa que fizera anos antes à sua noiva Amélia, que o julgara morto, e que, em sua memória, tinha enterrado um caixão sem corpo.” 

“As Avis” – Joana Bouza Serrano
Sinopse: “Durante os cerca de 200 anos que durou a dinastia de Avis, que teve início com D. João I, Mestre de Avis, Portugal esteve na vanguarda da História Mundial. Neste período sentaram-se no trono português oito reis e o país conheceu nove rainhas consortes, mulheres que, muitas vezes na sombra, definiram também elas o rumo da História do reino.
Filipa de Lencastre, a mãe da Ínclita Geração; Leonor de Aragão, a Triste Rainha, que foi obrigada a fugir para Castela após a morte do marido; Isabel de Lencastre, que assistiu impotente ao confronto entre o seu pai e o seu marido; Joana de Castela, conhecida como a Excelente Senhora, que, por questões políticas e dinásticas, foi enclausurada num convento; Leonor de Lencastre, que mandou construir o Convento de Madre Deus em Lisboa; Isabel de Castela, filha dos Reis Católicos de Espanha, que morreu ao dar à luz; Maria de Castela, consorte de D. Manuel I, com quem teve uma relação de cumplicidade; Leonor de Áustria, peça fundamental no jogo político do seu irmão, o imperador Carlos V; Catarina de Áustria, avó de D. Sebastião.
A partir do olhar destas rainhas, a historiadora Joana Bouza Serrano dá-nos a conhecer os seus casamentos, que representavam verdadeiros trunfos nos jogos de poder político, os partos sucessivos para garantir a sucessão, a sua dedicação à cultura e às artes, as tradições e costumes da corte e os diferentes acontecimentos políticos que marcaram a dinastia de Avis.”

Passatempo Gailivro – “As Atribulações de Jacques Bonhomme”, de Telmo Marçal

gai-jacquesO Porta-Livros vai realizar a partir de sexta-feira (2 de Outubro), em parceria com a Gailivro, um passatempo em que oferecerá quatro exemplares de “As Atribulações de Jacques Bonhomme”, livro de doze contos de ficção científica da autoria do escritor português Telmo Marçal.
Temos para oferecer quatro exemplares deste livro, que serão oferecidos aos dois primeiros leitores que respondam acertadamente a três questões relativas ao livro e a outros dois concorrentes através de sorteio. Participarão no sorteio todos os restantes concorrentes que acertem nas três questões e que respondam até às 23h59 de 8 de Outubro.
Esteja atento, às 11h00 de sexta-feira (2 de Outubro) será lançado o passatempo.

Sobre o livro
Luís Filipe Silva, também ele autor de ficção científica nacional, escreveu o seguinte sobre Telmo Marçal e a sua obra: «O primeiro contacto com a prosa eficiente e económica, directa, de Telmo Marçal introduz-nos de, forma imediata, nas regras do mundo em que viemos cair: Estamos realmente na jaula de fera encurralada, mas eis que, afinal, somos nós essa fera. (…) Há, no entanto, um motivo legítimo para entrarmos assim incautos: não temos por hábito encontrar este tipo de prosa esta forma de pensarmos o mundo, na nossa literatura portuguesa. (…) Somos perfeitos na caricatura mordaz. Mas quando se trata de construir mundos racionais, ainda que fechados e claustrofóbicos como os que aqui encontrarão, de imaginar uma alternativa ao nosso presente ou mesmo ao passado histórico idolatrado por este povo (ainda que não passe de uma versão expurgada dos pecados cometidos), quando, afinal, nos negam o romance das coisas não temos grande experiência… A nossa ficção científica, quando se manifesta, apropria-se normalmente de universos alheios que encontrara nas leituras dos romances estrangeiros; quando em raras ocasiões se aventura no caminho da especulação social, fá-lo timidamente ou assente em abordagens subjectivas ou puramente pessoais.  (…) em Telmo Marçal a opressão é total, implacável, e não há forma de escapar à intensidade ao que o momento presente nos impede de olhar para o futuro e nos força a sobreviver, a não ser pela ocasional ironia.
Ao ser composto por contos, e não uma visão única, conseguimos regressar em busca da ansiada golfada de ar. (…) A sensação de no-time, no-place não surge apenas como um artifício literário, mas como uma necessidade. (…) Atribuir-lhes uma data e uma referenciação geográfica seria retirar-lhes a universalidade das observações. No que lemos, encontramos o espelho de nós todos.»

“Breakfast at Tiffany’s (boneca de luxo)” – Truman Capote

DQ-Boneca_de_LuxoEis um bom exemplo de como poucas páginas (118 e em corpo grande) chegam e sobram para contar uma boa história. “Breakfast at Tiffany’s – Boneca de Luxo”, do norte-americano Truman Capote (um original de 1958 recentemente editado em Portugal pela Dom Quixote), é uma singela história de amizade entre um aspirante a escritor e uma estrela feminina que vive, quase inocentemente, num mundo de mentira e deslumbramento. É uma amizade possível, esta, entre dois vizinhos, porque ao escritor não interessa tudo aquilo que interessa a todos os outros homens que andam em redor de Holly Golighly, uma verdadeira boneca que não deixa indiferente aqueles com quem se cruza. Por isso mesmo, pelo manifesto desinteresse carnal que ele manifesta, Holly confia-lhe a sua amizade.
A acção decorre em Nova Iorque entre 1943 e 1944, cidade (ou pelo menos o bairro onde vivem os protagonistas) que Truman Capote descreve e recria com a extrema simplicidade e objectividade da sua escrita jornalística. Não há palavras a mais, nem descrições em excesso, mas não se trata de uma obra crua e seca, porque o que existe neste livro é moderação, o que não impede a composição de retratos coloridos e intensos de personagens e locais.
Holly é sem duvida o motor deste pequeno romance e é impossível ao leitor fugir ao seu encanto, mesmo tendo a noção de que lá no fundo a rapariga até nem é flor que se cheire – permanece sempre a dúvida sobre a localização da fronteira entre a sua ingenuidade e a sua intencionalidade em criar perante os homens que a assediam uma imagem que a envolva e esconda/proteja. E é precisamente com essa dúvida/diferença que Truman Capote joga para seduzir o leitor a não julgar a protagonista, “prefere” antes que a compreenda. Mas a história não vive só de Holly, pois há uma série de personagens cativantes e bem construídas que poderia servir para elaborar um retrato pormenorizado dos comportamentos e costumes masculinos.
O livro pode ser lido de uma assentada, vontade não faltará, haja disponibilidade de tempo por parte do leitor para o fazer. Não ficará a perder se o fizer, dada a intensidade e o ritmo da escrita da própria acção de“Breakfast at Tiffany’s – Boneca de Luxo”.

Montserrat Rico Góngora – Entrevista a propósito de “Passageiros da Neblina”

pla-foto_Monserrat_pequenoMontserrat Rico Góngora, escritora espanhola autora de “Passageiros da Neblina” (Planeta) – obra de ficção que tem como ponto de partida o encontro entre Fernando Pessoa e o mago e satanista Aleister Crowley -, deu uma entrevista ao Porta-Livros sobre este romance onde o mistério está presente em todas as páginas. Mas falou também de si enquanto escritora, dos seus métodos de investigação e de criação e da sua relação com as personagens.  

O que a levou a inspirar-se neste episódio (o encontro entre Fernando Pessoa e Aleister Crowley) como ponto de partida para o seu romance?
Para ser sincera, devo dizer que fui a Portugal no Verão de 2005, pela primeira vez, à procura de um tema português para transportar para os meus livros. Mudar de cenários e época para não prejudicar o esforço literário trata-se apenas de um esforço pessoal. Se assim não fosse, teria a sensação de que escrevia sempre a mesma história. Foi uma coincidência ter escolhido esse encontro, do qual soube quando por acaso fui à Boca do Inferno. Uma vez que me cativava abordar de novo o século XIX e que o cenário de Sintra se prestava a isso, optei por uma história de uma saga familiar, porque o episódio em questão tinha ocorrido em 1930 e fica muito distante da época que queria abordar.  

Nota-se que fez uma profunda investigação histórica, e de ambientes e costumes das épocas retratadas na obra, assim como das próprias terras (nomeadamente Sintra). Como se processou essa investigação?
Convém salientar que esta não é a história de Crowley, nem tão pouco a de Pessoa. Uma espanhola não pode ter a pretensão de explicar nada aos portugueses sobre uma das suas mais importantes personagens. Só encadeei a um pequeno capítulo das suas vidas uma história, uma ilusão literária, com o direito lícito que todos os escritores têm de criar mundos fantásticos. Note-se, contudo, que mesmo o exercício da inspiração exige técnica e credibilidade, e isso obtém-se com anos de esforço e investigação.

Apesar de esta ser uma obra de ficção, há nela personagens reais. Como se sente ao ficcionar sobre pessoas que existiram mesmo? Não sente por vezes que se está a intrometer nas vidas delas?
É preciso que apareçam pontos de referência reais para dar credibilidade a uma obra deste género, mas sempre tive particular cuidado em referi-los. Acho que fazer alusões divulgativas a Darwin, Everets ou Fernando II não colocam em perigo a sua moral após tantos anos. É certo que quanto a Crowley e Pessoa a implicação é maior, mas no fundo quem opina são também personagens fictícias, e as suas considerações não se podem extrapolar à autora. Se o mundo fosse, no exercício da “Criação”, tão pudico, não existiria a Capela Sistina, teríamos queimado as obras de Maquiavel, Platão teria sido condenado como sendo uma espécie de Deus pagão e a Humanidade teria desaparecido na mais terrível das ignorâncias. 

Nas personagens fictícias dos seus romances coloca muito de si mesma ou evita revelar-se?
Não sei como fazem os outros, mas eu deixo lá tudo, embora de uma forma muito dispersa para não ser uma imitação, uma cópia. Quando escrevemos e damos vida aos protagonistas fazemo-lo por atracção ou repulsa, o que implica que nos revelemos um pouco, se bem que a função também exija que sejamos objectivos. 

Aceitaria de bom grado que alguém escrevesse um romance onde você fosse personagem?
Sim, se nesse capítulo isolado nada distorcesse a minha vida real. Quem sabe alguém daqui a meio século me permita conviver nesses romances com o presidente dos Estados Unidos, Obama, que não conheço e que, creio, nunca irei conhecer pessoalmente, pelo que se o objectivo dessa criação é entreter e fazer-me repensar coisas muito mais transcendentes, de certeza que o iria entender. No entanto, há que não esquecer que um romance não é um ensaio histórico, onde não há margem de manobra para a inspiração.

pla-passaA astrologia, o esoterismo, a maçonaria, eram já temas que lhe interessavam antes de se envolver neste “Passageiros da Neblina”?
Já conhecia alguma coisa desses assuntos porque ao escrever o meu anterior romance, “La Abadía profanada”, tive de os investigar, já que mo exigiu o argumento mais desastroso da história do século XX: os delírios dos superiores nazis que, ébrios de poder, ameaçaram o mundo. Confesso que também gosto de escrever romances mais ligeiros, daqueles em que no Sol e na Lua não vemos mais mistérios do que o de iluminar com certa intensidade as nossas vidas. 

Durante as suas investigações encontrou algo de surpreendente sobre Crowley e Pessoa?
Sim, algo que os portugueses se calhar também não sabem sobre o satanista. É preciso admitir que Crowley era um perturbador e que os lugares por onde passou tinham uma aura de maldade. Durante a Primeira Guerra Mundial, Crowley vivia nos Estados Unidos. Por acaso, no Edifício Dakota, o mesmo onde anos mais tarde Roman Polanski filmou “A Semente do Diablo” e onde foi assassinado John Lennon. 

Já esteve em Portugal a promover “Passageiros da Neblina”. Como acha que os portugueses encaram o facto de “pegar” num dos seus grandes vultos da literatura, Fernando Pessoa, para participar num romance?
Alguns portugueses acham bem, outros mal, calculo. De qualquer forma, nesse capítulo do encontro entre Crowley e Pessoa não escrevi nada que não seja correcto em relação à investigação policial que foi feita. A Scotland Yard foi até Portugal. Não foi Samuel Olín, mas o que aconteceu, em traços gerais, foi isso. Talvez Pessoa fosse mais indulgente comigo a julgar-me e entenderia que estranhos caminhos labirintos nos levam aqui e ali durante a criação. Humildemente, acho que não insultei a figura de Pessoa. Se um português escrevesse sobre Cervantes, sobre o nosso insigne e maltratado Lorca ou sobre qualquer das figuras em que reconhecemos a nossa essência cultural, não teríamos de ficar ofendidos. Mais do que isso, diria que teríamos de mostrar gratidão pelo interesse que a nossa história e o nosso acontecer literário pode despertar nos outros. Um escritor espanhol, Pio Baroja, na época do integrismo conservador do século XIX disse que “o carlismo curava-se viajando”. Creio que os receios e os malentendidos com os nossos vizinhos, com o que em geral está próximo, também se tratam assim: conhecendo-se uns aos outros. O que de toda a obra há-de ficar, no fundo, é uma visão do transcendental, daquilo que passa a acervo do espírito humano. Tudo o que resta são desejos de alimentar disputas desnecessárias e de não querer ver os verdadeiros problemas. Não tenho receio do público português, mas antes muito respeito, porque isso nunca deve perder-se. 

O que a atrai no romance histórico. Pensa tentar outros géneros literários?
Tenho já escrito algo inédito, que apesar de ter uma boa envolvência histórica na França e na Itália do século XIX, é mais uma divertida trama psicológica das suas personagens, quase uma espécie de vaudeville

Sei que deixou muito material de fora relativo a Aleister Crowley, uma personagem extremamente rica. Tenciona voltar a esta personagem num dos seus próximos romances?
Não, nunca passo duas vezes pelos mesmos caminhos literários. Disse o mesmo quando me envolvi no romance sobre o Santo Graal. Para mim é muito mais difícil apagar tudo e recomeçar do zero, mas é uma questão de princípio. 

Que projectos literários tem em mente?
Editar um par de romances inéditos e desencantar uns meses de sossego para regressar literariamente a Itália. É um país que me fascina. 

Quando percebeu que ia ser escritora?
Embora possa parecer estranho, quando tinha oito anos. Percebi-o quando me chegaram às mãos os poemas de Antonio Machado.  

Quais são as suas referências literárias, actualmente?
Gosto de muitos autores. Sou das que pensam que se aprende com todos. Nada é demasiado mau, porque escrever é um exercício de reflexão e quando lemos também nos faz reflectir. E é então que o mundo pode ser reinterpretado por nós. 

Também escreve poesia. Qual dos dois géneros prefere?
Os dois: cada um a seu tempo. A prosa, apanho-a eu, vou à sua procura. A poesia vem ter comigo, como um namorado desconfiado, passa de repente ao meu lado, inspira-me e parte. Tenho de admitir que a poesia me ensinou muito para a prosa, sobretudo a capacidade de concretizar as ideias. 

Li uma entrevista sua onde refere que ainda escreve à mão. Ainda mantém essa opção, ou já se deixou tentar pelos computadores?
Não, de maneira nenhuma, os computadores não me dizem nada. Continuo a escrever à mão. É como se não existisse o cordão umbilical que vai desde o sentimento até ao ecrã. Essa seiva tem de sair de um órgão vivo. De qualquer forma reconheço que o computador é um grande invento e esforço-me porque se não posso acabar transformada numa analfabeta funcional.

Passatempo Presença – “Os Ensinamentos de Confúcio”

pre_ConfúcioO Porta-Livros tem hoje para oferecer (em parceria com a Editorial Presença) três exemplares de “Os Ensinamentos de Confúcio – A Sabedoria antiga no mundo actual”, de Yu Dan.
O primeiro leitor que desde já ultrapasse o seguinte desafio será presenteado com um livro. Os outros dois vencedores serão encontrados por sorteio a realizar entre todos os restantes participantes que até às 23h59 de 7 de Outubro respondam acertadamente às três seguintes questões.
A lista de vencedores será publicada neste blog e os mesmos serão avisados por e-mail.
Para encontrar as respostas certas basta, por exemplo, fazer uma pequena busca neste blog.

1 – Há quantos anos nasceu Confúcio?

2 – Esta obra resgata os ensinamentos de Confúcio do universo académico para os devolver a quem?

3 – Que doutoramento tem a autora do livro, Yu Dan?

As respostas devem ser enviadas por e-mail para blogportalivros@gmail.com
Juntamente com as respostas, os participantes devem enviar os seus dados, nomeadamente: NOME, MORADA e E-MAIL.
Cada vencedor receberá oportunamente, por correio, enviado directamente pela Presença, o livro com que foi premiado.
Só podem participar residentes em Portugal.

Juan Marsé – Entrevista a propósito de “O Feitiço de Xangai” e “Rabos de Lagartixa”

cl-marseO escritor catalão Juan Marsé passou em 2004 pelo Porto e falou-nos da sua obra. Apesar de extensa e recheada de prémios, até então só dois romances tiveram direito a edição em Portugal (pela mão da Campo das Letras), “O Feitiço de Xangai” (1995) e “Rabos de Lagartixa” (2000). Comum aos dois, assim como ao resto da obra de Marsé, a presença de Barcelona, no fundo a personagem principal deste autor que não nega a influência do cinema na sua forma de escrever.

Tem uma série de personagens muito distintas umas das outras em romances como “Rabos de Lagartixa” ou “O Feitiço de Xangai”, os dois editados em Portugal. O essencial de um romance são as personagens ou a própria acção?
Bem, não saberia desligar uma coisa da outra. Num romance conta-se o que ocorre, o enredo, mas é desenvolvido pelas personagens, que têm de estar muito ajustadas ao enredo.

Mas são personagens muito fortes, não há o risco de superarem a própria acção?
Elas são muitos importantes porque dou grande importância às emoções e aos sentimentos num romance. Assim, a sua dimensão humana é fundamental.

Constrói as personagens antes de escrever ou elas vão-se desenvolvendo com o desenrolar do romance?
É um trabalho conjunto. Não se pode contar uma história e ao mesmo tempo já ter as personagens formadas. Eu trabalho sobre imagens e não sobre ideias. Eu nunca disse: “Gostaria de escrever um romance para demonstrar que certas coisas são erradas”. Tenho umas imagens que são vivências pessoais ou coisas que me contaram e que me sugerem a possibilidade de uma história que tem que ver com essa tema. Mas não ao contrário, não parto de uma ideia, mas sim de uma imagem.

Que tipo de mensagens que pretende passar nas sua obras?
As mensagens têm de estar implícitas no enredo, porque se estão demasiado explícitas já não é um romance com personagens cheias de humanidade, mas um ensaio sobre sociologia, etc. É por isso que escrevo um romance, tenho o trabalho de inventar personagens e torná-las credíveis, senão escrevia um tratado.

Onde se inspira para criar as suas personagens?
É uma mistura de experiências pessoais e de histórias que ouvi contar com a imaginação. A literatura de ficção é isso, é uma mentira. Os romances são todos uma mentira, mas de alguma forma têm de estar ligados ao mundo real.

Coloca factos reais nos seus livros?
Há um componente real, ao qual podemos chamar crónica urbana de Barcelona através dos anos, sobretudo desde os primeiros anos da ditadura franquista até aos últimos. Tem que ver com a minha casa, a minha adolescência, a minha família, mas não estão aí de um forma explícita, estão mascaradas num contexto de pura ficção.

Viveu sempre em Barcelona?
Nasci, cresci e vivi sempre em Barcelona, portanto nos meus romances a cidade é o cenário habitual. Mas há cenas que decorrem noutras cidades, desde Paris até Xangai.

cl-xangaiSempre que escreve já tem a ideia que a acção decorrerá em Barcelona?
Não o penso, a história que estou a contar é que se situa automaticamente e inconscientemente em Barcelona, porque é a cidade que conheço. Que necessidade tenho de mudar de cidade se este é o meu elemento natural? Se o argumento o exige, naturalmente, faço viajar as personagens. Em “O Feitiço de Xangai” grande parte da acção decorre em Xangai, mas é uma cidade onde nunca estive. É uma cidade que conheci através de artigos de jornais, crónicas, histórias que me contaram e da minha fantasia.

cl-rabosMesmo em Barcelona recorre muito à fantasia para descrever o que decorre na cidade?
Há alguns acontecimentos que são históricos. Por exemplo, em “Rabos de Lagartixa” há uma referência a uma greve dos cidadãos de Barcelona aos transportes públicos, que tinham subido de preço. Foi a primeira vez desde a guerra civil espanhola que houve uma greve contra o regime, em que operários e estudantes se uniram. Foi um feito histórico que está documentado.

Nunca colocou personagens reais nos seus romances?
Personagens com o seu nome e apelido não. Aparecem alguns, desde actores de cinema, filmes, ruas. A cenografia é real, mas os bonecos são falsos.

A sua obra completa pode ser considerada uma espécie de guia de Barcelona?
Não, porque entre outras coisas o tempo decorrido modificou de tal forma a cidade que muitas coisas já não existem. A Barcelona dos meus romances é uma cidade mental, vive na minha memória.

As suas personagens têm algo de autobiográfico?
Há elementos que correspondem à minha vida pessoal, familiar, ao meu bairro, às minhas memórias, que têm que ver com o meu passado. Todos temos um passado e mantemos uma relação com ele. Eu faço-o através da literatura. Mas não na medida em que se possa dizer que os meus romances são autobiográficos.

O facto de ser um autor muito premiado é importante para si?
Os prémios literários não tem nada que ver com a literatura, têm que ver com a venda e promoção de livros, e nesse sentido parece-me bem tudo o que se faça pela promoção do livro. Os prémios ajudam a isso, mas a relação directa entre prémio e literatura não existe. O livro se é bom sobrevive ao tempo, tenha sido premiado ou não.

Quando começou a escrever?
Comecei muito jovem, contos e poemas, mas de forma consciente foi aos 17 anos, já com algumas pretensões.

Quais as suas influências?
O cinema e a literatura de quiosque influenciaram-me muito, assim como o romance do século XIX, como Tolstoi. Nunca mais ninguém escreveu nada como “Guerra e Paz”

O autor
Juan Marsé nasceu em Tarragona, na Catalunha, em 1933, e antes de se dedicar à escrita trabalhou em Paris num laboratório e como joalheiro já em Barcelona. Aos 27 anos publicou o seu primeiro romance, “Encerrados com un solo juguete”, a que se seguiram “Esta cara de la luna” (1962) e “Ultima tarde com Teresa” (1965). Tornou-se, entretanto, um autor bastante premiado, mas que só em 1995 foi dado a conhecer aos portugueses graças à editora portuense Campo das Letras. Nesse ano chegou a Portugal “O Feitiço de Xangai”, que em 1993 havia ganho o Prémio Nacional da Crítica em Espanha, e em 1994 o prémio Europa de Literatura. Em 2000 o catalão Juan Marsé lançou “Rabos de Lagartixa”, que teve edição portuguesa apenas em 2003. Esta obra ganhou em Espanha o Prémio Nacional de Narrativa. Em 2008 conquistou o Prémio Cervantes.