James Patterson não é autor para grandes surpresas. Explico-me melhor: quando pegamos num livro dele, já sabemos com o que podemos contar. Não quero com isto dizer que ao longo da leitura das suas obras não haja surpresas. Sendo ele especialista em policiais e thrillers, no enredo não poderiam faltar reviravoltas, caso contrário, ele já cá não andaria há muito.
Portanto, pegando num livro de Patterson, neste caso refiro-me concretamente a mais uma aventura de Alex Cross – cujo título, o sucinto, Eu, Alex Cross é, ainda assim, bastante revelador –, temos muita coisa garantida enquanto leitores. É uma aposta ganha, com risco mínimo. Se há livros que se comparam a filmes, a nível de estrutura, penso que os de James Patterson se equiparam a séries televisivas, das boas…
Este Eu, Alex Cross, editado pela Topseller, que em boa hora resolveu apostar no autor norte-americano, mostra um pouco mais do protagonista além do que envolve a investigação e resolução do habitual crime. Não poderia ser de outra forma, pois a vítima de homicídio que espoleta o envolvimento do detetive no caso é uma sobrinha sua, mesmo sendo alguém de quem Cross já há muito se afastara.
A jovem, acompanhante de luxo, foi vítima de um brutal assassínio e o que posteriormente lhe fizeram ao corpo é inenarrável – bem, não será propriamente inenarrável, pois é descrito no livro, mas também quem conhece este autor já sabe que ele não se poupa propriamente na descrição de tais pormenores. Mas não é só a sordidez do crime (que não é caso único, mas sim um de uma vaga) que alimenta o enredo do livro, pois o ambiente em que se desenrola é também cativante. Tudo se passa nos meandros do poder político de Washington e leva, inclusive, a uma aparição da presidente dos Estados Unidos, entre outras altas patentes das forças politicas e da autoridade.
A sobrinha de Alex Cross fazia parte de um esquema de acompanhantes de luxo que participavam em jogos muito perigosos, onde homens poderosos de Washington davam azo às fantasias sexuais mais inimagináveis. Dá para perceber, sem estragar qualquer surpresa, que se trata de uma investigação cheia de escolhas complexas, de passos hesitantes, que Alex Cross terá de gerir com pinças.
O romance em si também é gerido com pinças, pois, paralelamente ao caso policial, a família de Cross passa por uma situação complicada em função dos graves problemas de saúde vividos pela avó do protagonista. O saltitar entre a investigação e o acompanhamento da situação da avó de Alex Cross permite uma certa «descompressão» da sordidez dos crimes que «presenciamos» e um maior envolvimento e apego às personagens, aqui mais do que nunca humanizadas pelo autor.
Tudo junto, resulto em mais um livro de James Patterson que custa a pousar depois de iniciado. E os capítulos são tão pequenos… por que não ler mais um?
Autor: James Patterson
Título Original: I, Alex Cross
Editora: Topseller
Tradução: Ana Beatriz Manso
Ano de Edição: 2014
Páginas: 384
Sinopse: «Um crime macabro.
Alex Cross acaba de prometer à família que irá estar mais presente nas suas vidas quando recebe a notícia chocante de que a sua sobrinha foi barbaramente assassinada. Determinado a descobrir o criminoso, depressa percebe que ela estava envolvida num esquema de acompanhantes de luxo que concretizavam as fantasias dos homens mais poderosos de Washington, DC. E ela não foi a única vítima.
Um assassino infiltrado no poder. A caça ao assassino leva o detetive e a sua companheira, a detetive Bree Stone, a entrarem num mundo a que só os mais ricos e poderosos têm acesso. À medida que se aproxima da verdade, Alex Cross descobre segredos que poderão fazer tremer o mundo inteiro. Uma coisa é certa: quem está nesse círculo restrito tudo fará para manter os seus segredos bem guardados.
Conseguirá Alex Cross sobreviver ao seu mais arrepiante e pessoal caso de sempre? Com uma ação alucinante e reviravoltas imprevisíveis, o novo caso do detetive mais admirado em todo o mundo traz-nos momentos de suspense que só James Patterson consegue proporcionar.»