A Ahab lança a 15 de Julho duas novas obras, Ágape, Agonia, do norte-americano William Gaddis, e Um Repentino Pensamento Libertador, do norueguês Kjell Askildsen.
Um Repentino Pensamento Libertador – Kjell Askildsen
«Kjell Askildsen é reconhecido como uma das vozes mais singulares e intensas da narrativa breve contemporânea. A sua escrita concisa e dolorosamente eficaz, o humor negro que destila e a sua capacidade para iluminar as tragédias da vida quotidiana são alguns dos traços deste escritor norueguês, por muitos considerado o Raymond Carver europeu. Neste volume reúnem-se alguns dos seus melhores contos, seleccionados pelo próprio autor, entre eles Um repentino pensamento libertador e o aclamado Últimas notas de Thomas F. para o público em geral, que em 2006 foi eleito pelo jornal Dagbladet a melhor obra de ficção publicada na Noruega nos últimos 25 anos. Em todos eles, Askildsen surpreende as suas personagens em cenários quotidianos, aparentemente insignificantes, para desvelar, com a cumplicidade do leitor, os profundos sismos da alma.»
Ágape, Agonia – William Gaddis
«Jack Gibbs, figura do elenco de JR e narrador de Ágape, Agonia, dirige-se a nós do seu leito de morte e não é um narrador feliz. O seu corpo atraiçoou-o, e o mundo é uma merda e está dominado por tecnocratas.
E o seu romance – em que está há anos a trabalhar – desfaz-se em pedaços soltos e desconexos.
Resta pouco tempo para voltar a afirmar a mesma coisa de sempre: a tecnologia nunca poderá suplantar a criatividade dos homens. De modo que adeus à pontuação convencional e olá ao livre fluir da consciência e à livre associação de ideias que permitem ao narrador – ao orador, num quase delírio de agonizante – invocar tanto Glenn Gould como John Kennedy Toole, Miguel Ângelo e Tolstói, para destilar uma derradeira poção mágica, um tónico para tentar obter o ‘ágape’: a sensação amorosa de se ser uno com o mundo celebrada pelos primeiros e nada burocráticos escritores cristãos.
Não o consegue, claro. Mas no fracasso de Gibbs reside o triunfo de Gaddis, alertando-nos, do Além, para a invisível mas indubitável música da entropia.
E este pequeno grande livro é isso, na realidade: um tractat derradeiro, uma última vontade e um desejo final de que, pelo menos, tentemos compreender o incompreensível. E depois veremos o que fazer a esse respeito.»
Do Prefácio de Rodrigo Fresán