“As Mulheres de Corto Maltese” – Hugo Pratt e Michel Pierre

corto2“Uma mulher em cada porto” é talvez a frase mais apreciada por qualquer marinheiro. O herói de banda desenhada Corto Maltese, apesar das suas características muito especiais, não escapa a esta tradição, quanto mais não seja devido ao charme que espalha por onde passa. E passou mesmo por muitos lados…
A Meribérica-Liber lançou em tempos o belíssimo álbum “As Mulheres de Corto Maltese”, uma viagem ao universo feminino do marinheiro solitário que tem a assinatura de Hugo Pratt (já falecido) e do historiador Michel Pierre.
Esta obra centra-se na análise das principais personagens femininas das histórias de Corto Maltese, através das quais temos uma ou várias visões muito peculiares do marinheiro.
O álbum, composto por textos, ilustrações (umas quantas inéditas) e algumas das vinhetas dos álbuns de Corto, tem uma estrutura simples, já que dedica um capítulo a cada uma das mulheres.
Numa entrevista disponibilizada pela editora, Michel Pierre, que trabalhou com Pratt na elaboração desta obra, explica como surgiu a ideia: “Era quase obrigatório falar das mulheres que marcaram a sua vida. Estas personagens estão entre as mais perturbadoras que algum criador jamais fez nascer, sobretudo com desenhos tão sublimes. Então, aproximei-me delas com a cumplicidade do seu autor e o livro desenvolveu-se naturalmente”.
Um dos aspectos mais fascinantes de “As Mulheres de Corto Maltese” é que na descrição de cada uma das personagens femininas se misturam elementos ficcionados com outros reais, ou seja, “elas” são enquadradas e misturadas em determinados momentos históricos, como se tivessem mesmo feito parte da realidade.
O álbum está recheado de cartas onde as mulheres falam de Corto directamente, ou, tratando de outros temas, relatam os seus encontros com o misterioso marinheiro, que em todas deixou uma marca indelével.
“As Mulheres de Corto Maltese” é, simultaneamente, uma espécie de viagem à História do início do século XX (é sempre feito um enquadramento da época) e um livro de viagens, tal a diversidade de paragens por onde Corto espalhou o seu charme e o seu mistério. De Veneza à Irlanda, da China ao Saara, passando por Hollywood, Petrogrado, Etiópia, etc, etc, etc.
Como frisou Michel Pierre, “Corto Maltese é sem dúvida um dos heróis mais sedutores da banda desenhada. E sem mulheres faltar-lhe-ia realmente uma razão de existir”. Pandora, Soledad, Banshee, Morgana, Madame Java, Boca Dourada, Xangai-Li são apenas algumas das razões de existir de Corto Maltese.

4 pensamentos sobre ““As Mulheres de Corto Maltese” – Hugo Pratt e Michel Pierre

  1. Curtes Malteser

    Não me parece que a frase: “Uma mulher em cada porto” seja apreciada pelos marinheiros actualmente. Aliás, esse comentário é triste e só prova que quem escreveu isto não conhece a vida de marinheiro. A vida de marinheiro é extremamente solitária e o que cada marinheiro deseja é poder voltar para a “sua mulher” que deixou no porto de origem. E mais, que quando que regresse, ainda possa voltar para ela. Claro está que esse problema está nas mulheres fracas e com falta de espírito, e sem vontade de fazer o sacrifício de esperar pela regresso de quem as ama, e que enquanto está no mar a cumprir com o seu dever, não as esquece.
    Claro que com um mulheres destas, o desfecho é que cada vez que atraca um marinheiro tenho que lutar para se recompor das suas mágoas e procurar alguém que realmente o ame.
    Tenho dito…
    Curtes Malteser

  2. ruiazeredo

    Caro Curtes Malteser, não vamos levar as coisas tão a sério.
    Respeito a sua opinião, naturalmente, mas não esqueçamos que este é um texto ligeiro sobre um livro de banda desenhada, nada mais do que isso. Nem é uma reportagem nem sequer uma notícia. Cada coisa no seu lugar.
    Cumprimentos,
    Rui Azeredo

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