“Eva Miranda” – Giardino e Barbieri

eva“Eva Miranda”, de Giardino e Barbieri (uma edição ASA), é apresentado como a primeira “soap opera” em banda desenhada, onde nem sequer faltam anúncios publicitários. Tudo a brincar, claro, mas com um humor apurado, que soube captar bem o espírito e os “tiques” das “soap operas” televisivas, a fugir para o dramalhão mexicano.
A ideia nasceu na mente de Vittorio Giardino, o autor dos desenhos, que desafiou Giovanni Barbieri a esboçar um argumento que fugisse ao tradicional da banda desenhada contemporânea. Assim, graças à imaginação desta dupla italiana, nasceu “Eva Miranda”, álbum cujo nome reporta directamente à bela (e perigosa) protagonista desta história. Eva Miranda chega a Doris Bay, cidade costeira onde está disposta a tudo (mesmo a tudo) para alcançar a fama e a gloria. Em Doris Bay, uma das famílias dominantes são os Stone, os donos da popular bebida Nana’s. Pertencentes à alta sociedade, vêem com desagrado a paixão do filho e herdeiro, Ron, por Cindy, uma simples rapariga que trabalha numa pastelaria. Este amor impossível (por todos os motivos e mais alguns) é, contudo, apenas um dos motores da acção idealizada por Barbieri que, respeitando na íntegra o espírito telenovela, planeou um argumento com muito ritmo (tal como na TV não há tempos mortos) onde não falta drama, lágrimas, sofrimento, traição, paixão, fugas, reencontros, ganância, etc.
Quase sempre em ambientes de luxo, entre mansões e limusinas, praias e piscinas, com o erotismo também constantemente presente. Nesta última matéria, Eva Miranda é a maior contribuinte, ou não fosse ela a rapariga de fora que chega à cidade de todas as oportunidades para vencer na vida… custe o que custar.
Mas se Barbieri agarrou bem no espírito das “soap operas”, Giardino, o mentor da aventura, não se ficou atrás. Através de pranchas de linha clara bem coloridas e recheadas de personagens típicas de telenovelas de nível “duvidoso”, insere o leitor num mundo fantástico, cheio de “glamour” de segunda categoria, onde o mau gosto tem primazia. As poses das personagens parecem inspiradas em fotonovelas dos anos 70, dando a “Eva Miranda” um toque “retro” cativante e, acima de tudo, bem divertido.
A merecer também a atenção a “recriação” em BD de anúncios de TV, que, pela sua imaginação, fariam inveja a alguns dos verdadeiros criadores da época de ouro das “soap operas”.
Com muito humor (só podia ser assim porque este tipo de drama televisivo nem pode ser levado muito a sério) a dupla Giardino/Barbieri recuperou o espírito bem peculiar do mundo das “soap operas”, aproveitando com mestria os tiques e maneirismos do género.

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